sexta-feira, 23 de maio de 2008

A Ciência Pode Provar a Existência de Deus?

George Johnson
The New York Times

“Eu não necessito desta hipótese", respondeu Pierre-Simon Laplace quando perguntado sobre onde Deus se encaixava em sua nova teoria astronômica. Usando cálculos e as leis da gravidade de Newton, ele explicou as forças que impediam os planetas de escaparem gradualmente de órbita, conferindo certa estabilidade ao sistema solar. Newton achava que o Grande Engenheiro precisava intervir de vez em quando para reajustar a máquina.

A teoria não explicava de onde veio o sistema solar. Mas Laplace também tinha uma resposta. Os planetas, ele propôs, tinham se solidificado a partir de uma nuvem rodopiante de gás e poeira que cercava o Sol.

Ok, de onde vieram o Sol e a nuvem mãe? E o que revolveu a coisa toda?

Atualmente os cientistas acham que têm até mesmo estas respostas, e elas não envolvem a intervenção de qualquer Grande Engenheiro. Nas últimas poucas centenas de anos a ciência tem buscado explicar tudo em termos de um processo físico, algo que possa ser descrito por equações.

Mas a busca está longe de encerrada. Deus, para aqueles que desejam usar tal termo, pode ser invocado para responder fenômenos que ainda não se renderam ao método científico. Aquela que se tornou para alguns a questão suprema-Deus existe?- se tornou uma questão dependente de quanto o domínio do desconhecido continuará a se contrair e se ele eventualmente desaparecerá.

Reprodução
Se Ele existe, a ciência não sabe explicá-Lo
O movimento tem sido nesta direção. O redemoinho de matéria cósmica que gerou o sistema solar gira porque é uma pequena parte de uma grande galáxia em rotação, a Via Láctea. Quando uma flutuação aleatória faz com que gás e poeira suficientes se unam, a gravidade toma conta e corpos celestiais começam a se formar. Se você quer saber de onde vêm as galáxias, também há respostas. No final, tudo remete ao Big Bang.


É neste ponto que a cadeia de raciocínio chega ao fundo. O que causou a explosão primordial? Neste ponto todos, com exceção de poucos cientistas, seguem Wittgenstein ("sobre aquilo que não se pode falar, deve-se calar") ou Kierkegaard, dando cegamente o salto de fé no abismo do desconhecido, escolhendo no que acreditar.

Por que há algo em vez de nada não é uma questão que a ciência está bem equipada para abordar. Segundo o entendimento dos cosmólogos, a erupção primordial não ocorreu em certo instante em certo lugar. O Big Bang criou absolutamente tudo, incluindo o próprio espaço-tempo. Como alguém pode perguntar o que provocou a coisa toda se não havia espaço ou tempo onde um criador estar, muito menos qualquer matéria ou energia para Ele ou Ela trabalhar?

Mas este obstáculo formidável não impede algumas poucas pessoas, algumas delas cientistas, de tentarem provar, ou rejeitar, a existência de uma divindade. Quase todo livro ou conferência sobre ciência e religião inclui inevitavelmente o que se tornou um arranjo metafísico: os vários parâmetros do Universo -a carga do elétron, a força da gravidade, e assim por diante- parecem cuidadosamente ajustados para apoiar a existência de estrelas, átomos, moléculas e vida. Se as condições no instante do Big Bang tivessem sido ligeiramente diferentes, prossegue o argumento, então o Universo (pelo menos do ponto de vista terreno) teria sido um desperdício colossal de espaço-tempo. Assim, fomos os beneficiários afortunados do acaso, ou a vida estava planejada o tempo todo -seja pelo Grande Intendente ou por algum lei ou processo lógico, físico ou matemático. Ignore o grande sussurro wittgensteiniano e você sentirá o quase desconforto da mente humana levada ao limite do que é possível saber.

Uma teoria é a de que o Big Bang na verdade gerou uma variedade de Universos, cada um dotado aleatoriamente de diferentes condições físicas. As pessoas, é claro, se encontram em um que é capaz de suportar vida.

“Universo" costumava significar tudo o que existe. Mas até mesmo para se pensar neste novo modelo das coisas, a definição deve ser reduzida para "tudo sobre o que podemos obter informação". Nos é exigido que acreditemos -ou aceitemos com base na fé- que há algo fora do Universo. Seria possível muito bem chamá-lo de Deus.

Se a teoria do multiverso é mais confortadora do que acreditar que a existência humana resulta de um lance de dados sem sentido ou de um decreto santo é uma questão de gosto, não de ciência. Para muitos teoristas também é a traição do grande esforço para explicar as leis da física. Alguns ainda esperam encontrar "uma teoria das condições iniciais do Universo", uma lei matemática suprema, escondida talvez na teoria das supercordas, mostrando que os parâmetros da criação só poderiam ser estabelecidos de certa forma.

Mas então eles teriam que encontrar uma lei que explicasse de onde veio a lei... e eventualmente uma explicação para o motivo do Universo ser matemático e de onde veio à matemática e o que são os números.

Como um menino petulante de 8 anos, nós continuamos perguntando por que, por que, por que, por que. No final, a resposta é "porque sim" ou "porque Deus o fez assim". Faça sua escolha.



ESTA NOTÍCIA É DE ALGUM TEMPO, MAS O MAIS INTERESSANTE DESTA DISCUSSÃO OU DESTA COLOCAÇÃO É A ADMISSÃO PELOS CIENTISTAS DE VÁRIOS UNIVERSOS.OLHEM O GRIFADO ACIMA.

VICENTE CHAGAS
9/2006.

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