domingo, 16 de março de 2008

Experiências de Quase Morte se Confundem com Abduções

Recentemente, foi lançada a obra Project Omega [Projeto Omega], de autoria de Kenneth Ring, contendo relatos sobre abduções e experiências de quase morte, conhecidas como ECD. Ring dedicou ao assunto grande parte de sua vida, por crer que ambos os tipos de experiências fossem muito semelhantes. Seu livro retrata não só a realidade da abdução, analisando sua ocorrência entre pessoas em diversas várias partes no mundo, como também o impacto que esse fenômeno vêm causando na vida de seus protagonistas. E fez uma correlação com experiências de quase morte, aquelas em que uma pessoa passou alguns instantes – de alguns segundos até horas – com morte clínica. Qual é a relação existente entre esses dois acontecimentos? Que paralelismo surge entre a abdução propriamente dita e as experiências de quase morte? Ou ainda, que semelhanças existem entre a abdução e as denominadas experiências fora do corpo (EFC)?Em meados de 1993, com o lançamento do livro Secret Life, de David Jacobs [Vida Secreta, recém publicado no Brasil pela Rosa dos Tempos.], contendo abundantes depoimentos de pessoas que afirmam ter sido seqüestradas por extraterrestres, muita coisa nova se aprendeu sobre as abduções.

Entre os casos narrados, havia vários que se tratavam de experiências de quase morte ou fora do corpo. Certos casos se parecem mais com uma viagem astral do que a uma abdução convencional, pois diversas testemunhas alegam atravessar janelas (apesar destas estarem fechadas), ou afirmam flutuar através de túneis luminosos. Outro exemplo da semelhança entre ambos os fatos aparece quando testemunhas afirmam que atravessaram objetos sólidos como se a matéria não representasse obstáculos para elas. Logo, é necessário apurar se realmente esses casos têm de fato ligação com o fenômeno da abdução.
No caso das experiências fora do corpo, assim como das também populares experiências próximas à morte, vários trabalhos documentados de investigadores como Raymond Moody, Elizabeth Kübler-Ross ou Melvin Morse parecem demonstrar que existe um toque de realidade nestes fatos, principalmente no que concerne às abduções. Moody entende que através da hipnose – uma ferramenta muito importante para as investigações – o estudo dos raptos por alienígenas tem sido desenvolvido mais facilmente, apesar de ser objeto de controvérsias em relação à veracidade das recordações que os abduzidos relatam.

Após uma experiência de abdução, o raptado pode padecer ou apresentar uma amnésia temporária, e somente uma hipnose regressiva pode ser capaz de recuperar as informações perdidas.
Até hoje, ninguém havia pesquisado a relação existente entre fenômenos tão díspares como as experiências próximas à morte e as abduções, apesar de muitos pesquisadores anunciarem que a inteligência escondida atrás desses fenômenos era a mesma. É o caso de Ignacio Darnaude, conforme publicado em uma matéria na revista espanhola Más Allá de La Ciencia. Na publicação, Darnaude reconhece similaridades marcantes entre ECD, EFC e os seqüestros por alienígenas. “Não escapa a qualquer atento observador que esse quebra-cabeças fenomenológico é sempre o mesmo através dos séculos, causado por energias intencionais dedicadas a interagir com o ser humano”, disse o autor. Para ele, tais inteligências por trás de todos estes fenômenos vêm se adaptando à nossa realidade, mediante um disfarce simbólico aplicado a cada época, cultura e costumes.

Consciência Planetária



A esta conclusão também chegou Kenneth Ring, professor emérito de Psicologia na Universidade de Connecticut. De acordo com as investigações deste autor, “a Humanidade como um todo está lutando coletivamente para despertar um tipo de consciência nova e superior, à qual muitos já vêm chamando de consciência planetária. As experiências próximas à morte, assim como as abduções, a partir desta perspectiva seriam um instrumento evolutivo para provocar esta transformação ao longo dos anos em milhões de pessoas”. O próprio Whitley Strieber, conhecido escritor norte-americano e vítima de abdução, reconhecia no prólogo do livro de Ring que, para a vida das vítimas, as abduções têm um efeito posterior imediato e estranho. Tanto as experiências próximas à morte como os supostos encontros com extraterrestres representam um poderoso material psicológico para estudos nesse campo.

Neste sentido, também o professor de Psiquiatria John E. Mack advertiu que muitas das pessoas que têm vivido experiências de abduções ou contatos com seres extraterrestres vêm desenvolvendo uma profunda consciência ecológica e uma intensa preocupação pela sobrevivência de nosso planeta. Na opinião de Ring, a chave para solucionar o caso dessas experiências de contato com a morte e as abduções realizadas por alienígenas reside no estudo de seus efeitos posteriores, ou seja, está precisamente ligada às conseqüências que tais fatos ocasionam nas vítimas futuramente, o que resulta numa grande revelação. Poderíamos resumir essa hipótese dizendo que a pessoa que passou por qualquer das duas experiências amadureceu notavelmente. Ring se refere a esta transformação como a uma semente, devido a sua capacidade de crescer e se desenvolver com o passar do tempo.

“As experiências próximas à morte podem modificar drasticamente a personalidade do indivíduo, pois as pessoas que estiveram diante de tais vivências têm desenvolvido uma extrema fé religiosa, demonstrando que passaram a perceber melhor o que o ser humano representa no Universo”, afirma Ring. Pode ser que tal crença seja falsa ou supersticiosa, mas evidencia que tal mudança no modo de ver o mundo caracteriza o ponto de origem de uma nova crença religiosa. Normalmente, o indivíduo que passou tanto por uma experiência de contato com a morte quanto por uma visita de ETs a relata primeiramente a um investigador, pois este é visto como um verdadeiro confessor, disposto a escutar o que os abduzidos têm a dizer e a conhecer suas sensações mais profundas. Quem passou por tais experiências evita relatá-las a seus familiares ou amigos. Frases como “o mais impressionante que me aconteceu” ou “foi simplesmente indescritível” são habituais quando examinamos ambos os casos de EFC, ECD e de contatos com alienígenas.


Atualmente, várias fundações de ajuda a testemunhas ou vítimas dessas situações têm oferecido terapias para auxiliá-las a compreender melhor suas experiências. Mas existe o risco de que essas instituições contribuam para que todas as pessoas que viveram EFC e ECD creiam ter vivido unicamente experiências relacionadas com contatos extraterrestres. É preciso que se separe os assuntos e que os mesmos sejam tratados de forma diferenciada. Em um apêndice de Project Omega, Strieber diz que testemunhas de uma experiência próxima à morte, que passam pelo constumeiro “túnel de luz”, fazem praticamente o mesmo trajeto pelo qual flutuam os abduzidos até uma eventual nave extraterrestre. Não seriam dois caminhos para se chegar a um mesmo fim?

Artigo de Josep Guijarro é escritor da revista espanhola Mas Allá de La Ciencia

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