Na iconografia Tibetana encontramos a mesma representação na imagem de Vajradhara e sua contraparte feminina, estreitamente abraçados numa formação conhecida como ‘yab-yum’. Aqui as duas figuras se fundem uma na outra em suprema concentração à absorção. Sentados num trono de Lotus que simboliza o Portal do Universo, em régia atitude de calma imortal. As imagens de Shiva-Shakti simbolizam a vida universal e individual como uma incessante interação de opostos cooperantes.
Um dos ícones Yab-Yum é o da divindade "Eterno Raio" chamada Hevajra (em Tibetano, kyerdorje) em união com sua consorte Vajra-yogini. Ela é uma divindade popular nas comunidades Tibetanas e pertence a uma classe de divindades chamadas yid-dam. Elas são divindades "guardiãs" e "tutelares"que originam os deuses que o sadhaka Budista Tântrico escolhe como seu mentor-protetor (algo como o anjo da guarda do Católico Romano ou o Santo padroeiro). Importante no Hevajra Tantra, um dos textos canônicos do Tantrismo Budista e Hindu, Hevajra é representado, na iconagrafia,com oito cabeças, usando uma coroa de caveiras, onde no centro está a cabeça do Buda Aksobhya. Um sábio que se tornou um Buda, Aksobhya está frequentemente associado por alguns eruditos Tibetanos e Indianos com a Mongólia ( por causa de sua associação com o Yuan-Mongol Imperador da China, Kublai Khan que se conveteu ao Budismo). Hevajra possui quatro perna e dezesseis braços, com cada mão segurando uma kapala (taça de crânio). No Budismo Tântrico, o ícone yab-yum sempre mostra o masculino yab, como a dinâmica da compaixão; e o feminino, yum,que representa a sabedoria, a consumação espiritual.
Como o Tântrico Hindu, o objetivo de todo exercício meditativo e espiritual do Budista Tâtrico é a liberdade da miséria do apego. Os Budistas Tântrico pertencem a Escola Mahayana do Budismo. Mas o Budista Mahayana não-Tântrico ao praticar escapar das misérias do apego, tende a se retirar da existência mundana como se ele não acreditasse que a existência mundana e o nirvana, O Vazio, pertencessem a uma única e mesma realidade. O Budista Tântrico, por outro lado, ousa usar as coisas deste mundo, que ele reconhece como sendo imagens fulgazes (e consequetemente, meias-verdades) da realidade absoluta, para alcançar o desprendimento do apego. Assim, o Budista Tântrico estará sempre à procura - através de contempleção e rituais - do que os filósofos chama de " enstase". Um termo difícil engloba tanto o conceito de extase quanto o de profunda aquisição de sabedoria, o estado de enstase é, de fat, aquele estado de nirvana quando a pessoa reconhece O Vazio, a realidade absoluta de que tudo é nada. Tanto nos Himalayas quanto na India, o "enstase" tem sido procurado por gerações de místicos Tântricos e não-tântricos como um meio de capturar um vislumbre do "paraíso". Este estado conquistado por meio de rigorosos exercícios disciplinares baseados em pensamentos profundos, e suportados por execícios físicos (yoga) e a repetição hipnótica de mantras cria um nível de informação que se torna uma parte permanente do ser que o pratica.
Um ponto de vista que é considerado 'ortodoxo"nos meios Budistas e Hindus é que a sabedoria enstatica pode somente ser alcançada por meio de uma longa e disciplina obediência aos preceitos - rituais aprovados, práticas ascetas e orações. Os Tântricos acreditam que o conhecimento intelectual dos cânones Védicos e a maestria das disciplinas da uoga são suficientes como ferramentas para um método de "atalho" para se conseguir a informação enstatica.
Na prática Tântrica Budista, é de se esperar que o adepto tenha feito todos os seus estudos acadêmicos e meditações antes que ele se qualifique para fazer as disciplinas de Yoga. Quando ele se submete aos vários rituais Tântricos, expressa uma gama variada de orações e conduz seus experimentos psico-sexuais, ele vai muito mais além do que o simples uso discursivo da mente.
Ao invés de pedir ao seu corpo que se subjugue aos sentidos, ele eleva os seus poderes e depois os une para obter estados cada vez mais longos de enstase. A sabedoria enstática - ou a informação - que o adepto do Tantra de abter (e queo ajuda a se libertar das misérias do apego nascido da ignorância) é o conhecimento da realidade não-dual. Esta sabedoria não somente é racional como também sensitiva e intuitiva.
A imagens yab-yum (literalmetne Honorável-pai e honorável-mãe) em termos simbólicos representamos vários estados enstáticos. Yum, a Mãe, representa prajna, a suprema sabedoria, que também é sunya, O Vazio, o nada. Yab, o Pai, representa upaya, o método (o particular, as experiências fugazes), que também é karuna, ou a dinâmica da compaixão. Quando os dois se tornam um, o estado mais elevado é alcançado. Upaya é a escravidão sem prajna. E Prajna, também, é escravidão sem Upaya.
Nas seitas Budistas mesnos esotéricas, os rituais Tântricos envolvem os experimentos do adepto em alcançar a realização enstática da união de yab com yum em sua pessoa, é puramente metafórica. Nas seitas mais esotéricas, as instruções são tomadas literalmente como o uso consagrado e experiemntal das sensações sexuais. Estas são praticas sozinho (com um parceiro simbólico) ou junto com um parceiro real. O que normalmente não é considerado por alguém de fora é que o "congrassamento do sagrado" é precisamente realizado para negar a sexualidade: a mente e os sentidos são trazidos a um mais elevado estágio de "loucura" e mantido lá: o orgasmo não é permitido ocorrer.
A Anatomia Secundária
Na Yoga, que é um dos principais elementos do Tantrismo (Hindu e Budista) existe uma anatomia secundária teórica em todo homem. Este sistema som'tico abstrato possue centros, círculos ou flores de lotus localizados ao longo de uma coluna espinhal abstrata. Este modelo anatômico é puramente um auxílio à meditação e não se espera que ele corresponda ao corpo biológico do adepto. Esta é a razão das diferentes descrições deste corpo secundário nos vários livros de yoga e o instrutor pode muito bem descrever este sistema somático secundário de um jeito para um e de outra maneira para outro, pois ele sabe que as pessoas respondem de diferentes maneiras aos estímulos psicológicos.
Três dutos devem passar pela coluna espinhal. Nos animais e nos homens comuns (ou seja, nos não-iniciados), os duto central é fechado. O que o abre é a meditação correta. Uma vez aberto, o duto permitirá o fluxo de uma força mística chamada kundalini pelos Tântricos Hindus, avadhuti pelos Budistas ou kun dar ma (aquela purificada) em Tibetano - que se elevará de seu santuário localizado entre a região anal e genital e supostamente é o mais baixo dos centros. Em sua ascensão, esta força mística penetra nos outros centros ao longo da espinha até alcançar e se fundir com o mais elevado dos centros, que se encontra no cérebro.
Os dois outros dutos estão ativos em todos os sêres vivos. Mas o adepto Tântrico tenta controlar estes dutos através da respiração e outros exercícios. O Enstase é então alcançado imobilizando estes três dutos. Em algumas seitas Tântricas Budistas afirma-se seriamente que o controle da mente, da respiração e do esperma nos leva ao enstase.
O controle da respiração, o mais fácil de se conseguir, pressupõe a abilidade de controlar os processos físicos involuntários. O controle do fluxo seminal é o mesmo que controlar as paixões e desejos. O controle damente é a aquisição suprema onde cessa-se a percepção de si mesmo com oalgo separado e diferente da realidade absoluta.: O Vazio.
Os Busdista Tântricos se referm ao estado de enstase alcançado pelo controle tríplece como mahasukha, a grande benção, que é o mais completo dos nirvanas. Longe de tornar o Budista Tântrico um campeão do erotismo, as imagens yab-yum de fato o tornam, como a Buda antes dele, um conquistador do mundano.
Espíritos de Luz
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