sábado, 21 de junho de 2008

Yab-Yum - Budismo Tântrico

Os ícones yab-yum do Budismo Tântrico que mostram suas divindades e seus consortes numa posição de cópula são aparatos de meditação que um sadhaka ( o adepto Tântrico ) usa, entre outros objetos, para alcançar a experiência religiosa de liberação da miséria de estar acorrentado nas realidades falsas percebidas pelos sentidos humanos. As meditações do sadhaka o informam, através de uma lógica convencional, que o Nirvana que ele procura é a não-existência, a grande benção dO Vazio. As sensações sexuais estão portanto entre as realidade falsas e miseráveis que ele sabe que o homem deve aprender a reconhecer pelo que são. Seu uso de imagens sexuais para alcançar seu objetivo de liberação se torna ainda mais incompreensível para nós leigos. Para ele, entretanto, as imagens sexuais são simplesmente uma linguagem esotérica que somente pode ser compreendida sneo um adepto corretamente direcionado pela experiência Tântrica.

Na iconografia Tibetana encontramos a mesma representação na imagem de Vajradhara e sua contraparte feminina, estreitamente abraçados numa formação conhecida como ‘yab-yum’. Aqui as duas figuras se fundem uma na outra em suprema concentração à absorção. Sentados num trono de Lotus que simboliza o Portal do Universo, em régia atitude de calma imortal. As imagens de Shiva-Shakti simbolizam a vida universal e individual como uma incessante interação de opostos cooperantes.O uso das imagens sexuais é parte de um esforço psicológico profundo com o objetivo de alcançar uma experiência pessoal de ser um com a simples e verdadeira realidade do nada. Para ele a realidade do Vazio é alcançada observando e experienciando a unicidade dos opostos: a união do passivo e o dinâmico, mente e matéria, masculino e feminino, o concreto e o sublime. Para alguem de fora, cujo sistema de linguagem procede de um ponto de vista materialista, os paradoxos do Budismo Tântrico (e o próprio Budismo) farão muito pouco sentido. Mas em culturas idelistas - onde a idéia do Vazio é um objeto "real" e tangível (uma outra contradição) - não existe nenhuma dificuldade em se compreender tais conceitos.

wpe4.jpg (43705 bytes)Um dos ícones Yab-Yum é o da divindade "Eterno Raio" chamada Hevajra (em Tibetano, kyerdorje) em união com sua consorte Vajra-yogini. Ela é uma divindade popular nas comunidades Tibetanas e pertence a uma classe de divindades chamadas yid-dam. Elas são divindades "guardiãs" e "tutelares"que originam os deuses que o sadhaka Budista Tântrico escolhe como seu mentor-protetor (algo como o anjo da guarda do Católico Romano ou o Santo padroeiro). Importante no Hevajra Tantra, um dos textos canônicos do Tantrismo Budista e Hindu, Hevajra é representado, na iconagrafia,com oito cabeças, usando uma coroa de caveiras, onde no centro está a cabeça do Buda Aksobhya. Um sábio que se tornou um Buda, Aksobhya está frequentemente associado por alguns eruditos Tibetanos e Indianos com a Mongólia ( por causa de sua associação com o Yuan-Mongol Imperador da China, Kublai Khan que se conveteu ao Budismo). Hevajra possui quatro perna e dezesseis braços, com cada mão segurando uma kapala (taça de crânio). No Budismo Tântrico, o ícone yab-yum sempre mostra o masculino yab, como a dinâmica da compaixão; e o feminino, yum,que representa a sabedoria, a consumação espiritual.

Como o Tântrico Hindu, o objetivo de todo exercício meditativo e espiritual do Budista Tâtrico é a liberdade da miséria do apego. Os Budistas Tântrico pertencem a Escola Mahayana do Budismo. Mas o Budista Mahayana não-Tântrico ao praticar escapar das misérias do apego, tende a se retirar da existência mundana como se ele não acreditasse que a existência mundana e o nirvana, O Vazio, pertencessem a uma única e mesma realidade. O Budista Tântrico, por outro lado, ousa usar as coisas deste mundo, que ele reconhece como sendo imagens fulgazes (e consequetemente, meias-verdades) da realidade absoluta, para alcançar o desprendimento do apego. Assim, o Budista Tântrico estará sempre à procura - através de contempleção e rituais - do que os filósofos chama de " enstase". Um termo difícil engloba tanto o conceito de extase quanto o de profunda aquisição de sabedoria, o estado de enstase é, de fat, aquele estado de nirvana quando a pessoa reconhece O Vazio, a realidade absoluta de que tudo é nada. Tanto nos Himalayas quanto na India, o "enstase" tem sido procurado por gerações de místicos Tântricos e não-tântricos como um meio de capturar um vislumbre do "paraíso". Este estado conquistado por meio de rigorosos exercícios disciplinares baseados em pensamentos profundos, e suportados por execícios físicos (yoga) e a repetição hipnótica de mantras cria um nível de informação que se torna uma parte permanente do ser que o pratica.

Um ponto de vista que é considerado 'ortodoxo"nos meios Budistas e Hindus é que a sabedoria enstatica pode somente ser alcançada por meio de uma longa e disciplina obediência aos preceitos - rituais aprovados, práticas ascetas e orações. Os Tântricos acreditam que o conhecimento intelectual dos cânones Védicos e a maestria das disciplinas da uoga são suficientes como ferramentas para um método de "atalho" para se conseguir a informação enstatica.

Na prática Tântrica Budista, é de se esperar que o adepto tenha feito todos os seus estudos acadêmicos e meditações antes que ele se qualifique para fazer as disciplinas de Yoga. Quando ele se submete aos vários rituais Tântricos, expressa uma gama variada de orações e conduz seus experimentos psico-sexuais, ele vai muito mais além do que o simples uso discursivo da mente.

Ao invés de pedir ao seu corpo que se subjugue aos sentidos, ele eleva os seus poderes e depois os une para obter estados cada vez mais longos de enstase. A sabedoria enstática - ou a informação - que o adepto do Tantra de abter (e queo ajuda a se libertar das misérias do apego nascido da ignorância) é o conhecimento da realidade não-dual. Esta sabedoria não somente é racional como também sensitiva e intuitiva.

yab-yum3.jpg (51538 bytes)A imagens yab-yum (literalmetne Honorável-pai e honorável-mãe) em termos simbólicos representamos vários estados enstáticos. Yum, a Mãe, representa prajna, a suprema sabedoria, que também é sunya, O Vazio, o nada. Yab, o Pai, representa upaya, o método (o particular, as experiências fugazes), que também é karuna, ou a dinâmica da compaixão. Quando os dois se tornam um, o estado mais elevado é alcançado. Upaya é a escravidão sem prajna. E Prajna, também, é escravidão sem Upaya.

Nas seitas Budistas mesnos esotéricas, os rituais Tântricos envolvem os experimentos do adepto em alcançar a realização enstática da união de yab com yum em sua pessoa, é puramente metafórica. Nas seitas mais esotéricas, as instruções são tomadas literalmente como o uso consagrado e experiemntal das sensações sexuais. Estas são praticas sozinho (com um parceiro simbólico) ou junto com um parceiro real. O que normalmente não é considerado por alguém de fora é que o "congrassamento do sagrado" é precisamente realizado para negar a sexualidade: a mente e os sentidos são trazidos a um mais elevado estágio de "loucura" e mantido lá: o orgasmo não é permitido ocorrer.

A Anatomia Secundária

Na Yoga, que é um dos principais elementos do Tantrismo (Hindu e Budista) existe uma anatomia secundária teórica em todo homem. Este sistema som'tico abstrato possue centros, círculos ou flores de lotus localizados ao longo de uma coluna espinhal abstrata. Este modelo anatômico é puramente um auxílio à meditação e não se espera que ele corresponda ao corpo biológico do adepto. Esta é a razão das diferentes descrições deste corpo secundário nos vários livros de yoga e o instrutor pode muito bem descrever este sistema somático secundário de um jeito para um e de outra maneira para outro, pois ele sabe que as pessoas respondem de diferentes maneiras aos estímulos psicológicos.

Três dutos devem passar pela coluna espinhal. Nos animais e nos homens comuns (ou seja, nos não-iniciados), os duto central é fechado. O que o abre é a meditação correta. Uma vez aberto, o duto permitirá o fluxo de uma força mística chamada kundalini pelos Tântricos Hindus, avadhuti pelos Budistas ou kun dar ma (aquela purificada) em Tibetano - que se elevará de seu santuário localizado entre a região anal e genital e supostamente é o mais baixo dos centros. Em sua ascensão, esta força mística penetra nos outros centros ao longo da espinha até alcançar e se fundir com o mais elevado dos centros, que se encontra no cérebro.

Os dois outros dutos estão ativos em todos os sêres vivos. Mas o adepto Tântrico tenta controlar estes dutos através da respiração e outros exercícios. O Enstase é então alcançado imobilizando estes três dutos. Em algumas seitas Tântricas Budistas afirma-se seriamente que o controle da mente, da respiração e do esperma nos leva ao enstase.

O controle da respiração, o mais fácil de se conseguir, pressupõe a abilidade de controlar os processos físicos involuntários. O controle do fluxo seminal é o mesmo que controlar as paixões e desejos. O controle damente é a aquisição suprema onde cessa-se a percepção de si mesmo com oalgo separado e diferente da realidade absoluta.: O Vazio.

Os Busdista Tântricos se referm ao estado de enstase alcançado pelo controle tríplece como mahasukha, a grande benção, que é o mais completo dos nirvanas. Longe de tornar o Budista Tântrico um campeão do erotismo, as imagens yab-yum de fato o tornam, como a Buda antes dele, um conquistador do mundano.


Espíritos de Luz

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